sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Revolução e Malcriação, mas Inexistência de Ação

Algumas vezes ou quase sempre me deparo com circunstâncias que envolvem além do comportamento cultural das pessoas, responsabilidade do estado, seja ela parcial ou total.

     Há algum tempo percebi que pensar e agir da mesma forma com que todos pensam e reagem não está funcionando, pois conformismo à submissão de conceitos impostos pelas mídias aliado ao desinteresse com a política do país fazem das pessoas bonecos de ventríloquos.

    Passei a acreditar em uma solução mais “racional”, como orientar o pedreiro a partir do alicerce e não depois que a casa estiver construída, orientar as pessoas desde seus votos municipais até o presidencial é uma sugestão. Temos como exemplo aquele movimento popular surgido em 1995 na cidade de Goiânia, o MEPR – Movimento Estudantil Popular Revolucionário – há uma ação mais conveniente para solucionar esses conflitos agrários, independente de qual for à reivindicação. Conscientizar as pessoas que elas também têm deveres ao invés de só lembrá-las dos seus direitos. Não é tentando dar um golpe na nossa democracia deficiente e implantar um socialismo falido que vai melhorar – acredito –.
Vamos imaginar uma situação improvável:
Cidadão: Mas deputado X por que o senhor ainda não fez nada pela nossa comunidade?
Deputado X: Por que você votou em mim? Você nem investigou a minha carreira política, sabia que respondo a dois processos na justiça eleitoral por compra de voto e estou sob investigação do Ministério Público?
Ou então prestar atenção na justificativa do deputado Abelardo Camarinha (PSB) – ficha suja – para o aumento salarial de 61,8%, o atual salário sobe de R$ 16,5 mil para R$ 26,7 mil (A única esperança é o deputado Tiririca, ele está preparado para mudar).





Isso seria um banho de oportunidades para mergulhar nosso povo em uma banheira de razão e consciência política, saíamos do país de Alice e voltemos para o Brasil.

Acredito na política, no voto consciente, na lei, na justiça acredito na mudança, mas infelizmente descubro a sensação de aparentar ser o único.
Nota:
Leitor Interativo
Preparei este texto um pouco antes do natal e antes mesmo de revisá-lo e publicá-lo foi aprovado além dos 61,8% para os Parlamentares, 135% de reajuste para os secretários do governo de AL – brejo político onde moro – vencimentos sairão dos atuais R$ 6,5 mil para 15,3 mil mensais, enquanto isso, Luis Inácio LULA da Silva assina medida provisória que reajusta o salário mínimo para R$ 540,00 reais, ou seja, menos de 6%.
“Os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente e pela mesma razão”¹
Leitor: Reclame, proteste, divulgue, alerte seus familiares desatentos sobre o que está acontecendo e dê nomes aos protagonistas desta palhaçada. Quando vi essa notícia no jornal local fiquei pasmo, permaneci sem ar, fiquei vermelho e tremendo, possuído por uma ira que me deixou com dor de cabeça.


Amorim Anderson – Revolução e Malcriação, mas Inexistência de Ação,
Rio Largo (AL), Dezembro|2010
¹Frase de Eça de Queiroz

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Era um dia comum...

Estava reclamando que há algum tempo andava meio sem inspiração para escrever, precisava de emoção, de uma situação, uma experiência nova, e agora escrevo possuído por sentimento ímpar.
Eu, Camila, Carol, Ruan, Cássia e Renato. Adolescentes adoram falar sobre sexo, contando experiências sexuais e rindo muito até sermos interrompido por um rapaz de uns 30 anos, negro, bigode e sobrancelhas cheias, barba falhada com expressão afobada e muito apressado, é impressionante os detalhes que guardo dele, a partir daí ficaria boa parte do tempo com a cabeça baixa tentando tirar minha corrente de prata, estava anunciado o assalto.
Não tenho interesse algum em fazer uma enxurrada de crítica à insegurança pública do estado, nem aos moradores de rua estão poupando.
Balançando o revólver bem no nosso rosto, pedia os celulares, relógios e minha “prata”. Carol e Cássia saíram “ilesas” foi só emoção, delas ele não levou nada – Graças a Deus – Carol olhando apavorada aquela arma demonstrava completa ingenuidade e inexperiência, não olhei a Cássia – uma pena – perdi o momento de ver escorrer pela calçada o gênio forte daquela menina que dispensa carinho, delicadeza, sensibilidade e outros bons sentimentos gratuitos.

Renato. Olha pela última vez seu segundo celular em menos de seis meses ir parar nas mãos do meliante, ou melhor, na sacola plástica preta e amarrotada que o individuo segurava com a mão esquerda. – Na outra, uma ameaça constante – nem acreditava.
Camila. Pressionada, entrega o celular com uma voz trêmula que timidamente anuncia que o choro está pedindo licença à maquiagem. Frágil, nunca sentiu uma voz de assalto tão perto. Diferente do Ruan que perdeu um relógio caríssimo (R$ 15,00) – mas era dele – celular, me olhava surpreso enquanto tirava a corrente e entregava mais um celular.

Eu demorei vários segundos, alguns poucos minutos para assimilar toda situação, depois de três tentativas de assalto a quarta foi bem sucedida (felizmente). No instante em que o vi tentando sacar a arma, senti a instabilidade, notei a impotência, percebi a vulnerabilidade, a vassalagem da qual todo homem tem sobre sua vida, o ditado “Pra morrer só precisa estar vivo ” nunca soou tão bem na minha mente, olhava tentando de alguma forma passar para as meninas o mínimo que fosse da sensação que tudo ia acabar bem, mas minha própria incerteza desmentia a boa intenção.
Foi embora! Acabou? Teoricamente, sim.
 “...Polícia para quem precisa, polícia para quem precisa de polícia...”¹
Buscamos ajuda, nos deparamos com as frases feitas “é normal!” respiramos e vamos assistir à aula.
Culpa? Não sei.
Ouvimos de consolo “ah ele vai vender e comprar tudo de droga, vai morrer de overdose” Sinceramente, não quero isso.
De toda experiência negativa tira-se algo positivo (ainda estou pensando nisso), para quem acredita afirmo que foi Deus quem nos protegeu do nervosismo e aparente inexperiência daquele assaltante.
O que ainda consegue mexer comigo é a grande possibilidade de provavelmente isto vir a se repetir.


Amorim, Anderson – Era um dia comum... – Maceió(AL), Novembro|2010
¹POLÍCIA, música – Titãs|Cabeça Dinossauro,1986