Outro dia com hipocrisia articulei sobre as pessoas que compram discos “piratas”, sem notar que há pouco tempo também me incluía nesse grupo. A mídia noticia inúmeros casos de falsificação no país, no entanto a maior dificuldade é a conscientização da massa, hoje foi minha vez de assumi a consciência e responsabilidade de que a “pirataria” definitivamente não reproduz o que o artista quer transmitir, - eu explico -.
Acordei e pouco tempo depois chegou um amigo e me presenteou com um CD original, abrir o presente comecei a apreciar os aspectos visuais do álbum e percebi que além da música a arte visual também representa a personalidade da artista, embora isso já seja notado meio que subliminarmente isso só pode ser entendido através do contato físico - eroticamente comparando – é como falar sexo sem nunca ter praticado, enfim, o disco era “SIM de Vanessa da Mata” - uma artista que particularmente me agrada muito – uma voz que representa a legitimidade brasileira o jeito e ousadia brasileira, uma artista que é naturalmente espontânea, um agudo característico.
O artista por outro ângulo, misturado a um campo distinto da arte ouvida o que contribui complementando a obra.
"Aquilo que é estático e repetitivo é entediante. Aquilo que é dinâmico e randômico é confuso. No meio situa-se a arte."¹
Neste caso o álbum deve ter custado aproximadamente R$ 9,99 por se tratar de um EP (extended play) ou mini-álbum como é conhecido – enquanto um pirateado custa R$ 2,00 –. Afirmo que os outros R$ 7,99 valem todo o resto da obra artística, mas infelizmente faz parte da cultura brasileira economizar com arte e cultura, - principalmente daqueles que recebem o "troco mínimo" o que gera um prejuízo irreparável a nossa geração, - a minha, por exemplo – que se vê exposta ao lixo cultural que assola a massa da população e obriga os jovens que querem ouvir algo descente ser obrigado a resgatar musicas dos famosos “Anos 80” – que isso não soe como algo ruim – ou então buscar algo “fora” desfavorecendo os raros e bons talentos que surgem na cultura brasileira – de modo geral -. Nasci na década de 90 – anos de instabilidade – de altos e baixos na política do meu país, chamo a atenção para desde o impeachment do Inescrupuloso Fernando Collor à implementação do plano real que contribuiu para estabilidade econômica – ponto crucial – no desenvolvimento de uma nação.
Esquecendo – por um instante – que não passa de mais uma estratégia capitalista de chamar a atenção e atingir o público alvo, vamos dar mais importância ao trabalho dos artistas por traz desse trabalho; não perderei mais a emoção de explorar esse tipo de obra em um contexto audiovisual.
“Você sabia que 67% dos jovens entre 16 e 24 anos consomem produtos piratas? E que esse número cai para 13% quando se trata de pessoas acima dos 60 anos? – segundo o Jornal de Piracicaba –.”
Sugiro ouvir o disco e atentar as músicas Baú e Absurdo; ambas de composição própria da cantora.
Uma pequena parcela das inúmeras configurações de arte –brasileira - que vale muito a pena pagar mais...
Amorim Anderson – Pagando mais por Arte
¹Frase de John A. Locke
Rio Largo (AL)
Fevereiro|2011