segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Inocente Natureza

 Que força e honestidade dispõem a natureza, não escolhe rico, pobre, negro, branco, ateu, cristão simplesmente atingi sem distinção, aparentemente só assim o ser humano mostra solidariedade, bondade, indiferença, egoísmo, é, parece que só assim.
Quando o pouco que tinha foi invadido, conquistado, saqueado. Quando o olhar ansiosamente esperançoso vasculha a vista sobre o cantinho onde morara se resumir em um amontoado de destroços e tristeza. Então lembra que aquilo é o que menos importa, pois junto aos seus bens que foram arrastados pelas águas despidas do caudaloso rio que, não mais parece gorjear se fora seus filhos, suas mães, sua família que agora não se sabe onde procurar, nem sequer existi um culpado só se tem certeza que se foi e não volta.
Chocante, aterrorizante, mas aos poucos tudo acanhadamente volta ao seu lugar – “quanto tempo isso levará?” e a rotina vem amenizar o sofrimento, só o que parece não modificar é a consciência bitolada e censurada das pessoas.
O rio aparenta um operário esgotado, cansado de tanto carregar poluição e descaso do seu povo da sua gente que hoje olha assombrado a sua traquinagem, ele enfim, respira aliviado do peso que vira muito tempo mergulhado em suas águas, ele só não aguentou mais. Mas a população insiste em fazê-lo culpado quando na verdade é mais uma vítima talvez a única “pode ser” mas olham-no e apontam-lhe o dedo culpado, e como um cão medroso e acuado só abaixa as orelhas, apesar disso o rio respira, dá pra sentir o ar da inocência soprar nos ouvidos e aos poucos vai se descobrindo quando retira de suas margens a terra suja que se alojou durante muito tempo, ele parece ser maior ou retoma seu espaço ele grita que é “jovem”.
Deve existir uma beleza oculta que atrai inconscientemente as pessoas a este lugar, algo que concomitantemente aproxima e afasta as pessoas, achar uma explicação para tantas pessoas e o domínio da indiferença e desprezo quando se vê pessoas andando pelas ruas e não querer ao menos sujar-se a ponta do dedo dos pés, pois, julga estar sujo cheio de vermes inclusive as pessoas. É incrível.
O povo implora mesmo estando calado, o olhar escancarado a procura de uma palavra que lhe faça sentir que ainda há esperança.

Amorim Anderson Inocente Natureza, Rio Largo(AL), Junho|2010
*19 de junho de 2010, Enchente atinge Rio Largo.
* Esse foi meu primeiro texto; injustiça não publicá-lo!

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