segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Delicada Amizade

A inspiração apareceu tão nítida quanto um pesadelo e, afinal, quem nunca acreditou em um? Naquele instante parecia impróprio, não seria possível escrever sobre a motocicleta, mas ninguém falou que existe um momento propício para uma ideia, talvez eu o tenha estimulado, por isso estacionei.
Passei um tempo com alguns poucos amigos, somente sentindo a melodia, a poesia sutil, requintada que há nas letras de boas MPB’s. Saber ouvir músicas gozando das emoções transmitidas por elas, relaxar aguçando os sentidos, em cada nota uma sensação de bem estar, perceber a endorfina na pele, ouvir músicas de qualidade é isso.
     Algumas pessoas entram e saem de nossas vidas com uma destreza, uma rapidez, e uma voracidade que até parece ser injustos momentos assim. Acabei de viver um, deixar o tempo passar devagar ou pedir para que não passe seria ótimo, mas é utópico à medida que o vento carrega junto a si respingos de chuvas em nossa direção e leva embora o som que chora do violão. Já é tarde. O círculo de vozes desarranjadas só curtindo, no fundo, a companhia um do outro, esses amigos que provavelmente o tempo se encarregará de afastar e a rotina ajudará a esquecer – parece cruel demais, mas não é – quanto tempo ainda resta? Ninguém sabe. Sabe-se por enquanto que é legal compartilhar a inteligência, a inexperiência, as brincadeiras, as ideologias, as filosofias, os gostos, as opiniões e o pensamento moderno, abrangente, limpo.
Viajei, fugi do lugar, a mente foi lá no arquivo “vivo” da minha memória, lembrei que acredito nas mudanças das pessoas. Fora esses, tenho outros poucos amigos leais, também divertidos, porém, insensíveis, o que me incomoda um pouco. Quando aquele tempo chegar (ou não) ainda assim quero ter companhias vizinhas para dar partida a qualquer discussão e ter amparo intelectual para tal, melhor ou igual.
Ser sensível não é normal? Dizer “amigO, Te amo!” é feio pra um heterossexual? Acho que não. Gostaria que esses amigos, ainda que não tivessem sensibilidade, possuíssem inteligência emocional para perceber a beleza de uma canção, a delicadeza de um poema ou a expressão desse texto.
     Não duvido que se esse texto cair em mãos, principalmente de homens HOMOMACHISTAS que desviam a atenção de si, eles pensem que o autor é “mulherzinha!” isso é privar o direito de expressão, de ser sensível, restringindo-o somente as mulheres e homossexuais essa liberdade. Machismo é chegar ao fim da leitura e não reavaliar seus conceitos – ah não, sou macho, cabra da peste do nordeste - e daí? O que muda? Garanto que nada, quem realmente tem sua mente num processo contínuo de expansão não se importa com o julgamento alheio, mas faz questão de se expressar.
Sou jovem, 18 anos, mas 17 me caem melhor, quero fugir da maioridade, quero me esconder, enquanto não entendo DIREITO do que estou me escondendo. ... Acho que não sei quem sou só sei do que não gosto ...¹ Pode ser paranoia de um adolescente que tomou nas mãos um fermentado de cevada, pensando estar aliviando a saudade dos amigos distanciados pela rotina quando, na verdade, se aproxima de outros que discretamente ela o aproximou. Talvez lendo isso os pais digam: filhos, ninguém tem amigos, e eu lhes diria: Claro, ninguém tem muitos amigos.

Amorim AndersonDelicada Amizade, Maceió(AL), Agosto|2010
¹TEATRO DOS VAMPIROS, música - Legião Urbana|Acústico MTV

2 comentários:

  1. Eu fui o primeiro a ler ^^)

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  2. "...isso é privar o direito de expressão, de ser sensível, restringindo-o somente as mulheres e homossexuais essa liberdade..."
    Muito bom Henrique e você foi muito feliz nessa sua opnião, o texto é bom, gostei de ler, cara. Parabéns, você me surpreendeu, e concerteza você tem futuro como escritor.

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